A expressão “chapéu” no universo do futebol carrega dois significados distintos. Dentro das quatro linhas, refere-se à habilidade do jogador em aplicar um drible, conhecido também como lençol, ao passar a bola sobre o adversário e recuperá-la habilmente em seguida. Fora do campo, o termo é utilizado quando um clube consegue contratar um profissional que estava prestes a assinar contrato com outra agremiação.
Assim como um gol ou a conquista de um troféu, um “chapéu” sempre proporciona intensas emoções aos torcedores, podendo gerar sentimentos positivos ou negativos, dependendo do vencedor dessa história. A rivalidade entre os clubes pode intensificar essas emoções. O futebol brasileiro é repleto de exemplos de “chapéus” marcantes entre equipes, histórias que, muitas vezes, se tornam inesquecíveis.
A lista a seguir, organizada cronologicamente, pode ser atualizada, mas alguns critérios específicos foram adotados. A atenção foi dada à forma como o atleta deixou um clube para se juntar a outro, considerando se o jogador já enfrentava desgastes internos significativos ou se recusava a negociar uma extensão contratual. Além disso, foram destacados os “chapéus” mais memoráveis, levando em conta o status do jogador envolvido ou a qualidade da narrativa da negociação.
1. Sócrates no Corinthians (1978)
Sócrates despontou como destaque no Botafogo de Ribeirão Preto no final dos anos 1970. O São Paulo estava prestes a contratá-lo, mas Vicente Matheus, presidente do Corinthians, elaborou um plano astuto para atravessar o rival.
Blefando sobre o interesse em outro jogador, o Corinthians ganhou tempo e, enquanto o São Paulo negociava uma falsa transferência, Matheus fechou a contratação de Sócrates, transformando-o em um dos maiores ídolos do Corinthians.
2. Roberto Dinamite no Vasco (1980)
Ídolo do Vasco, Roberto Dinamite surpreendeu ao assinar um pré-contrato com o Flamengo. A diretoria vascaína, determinada a não perder seu ídolo para o arquirrival, enviou Eurico Miranda a Barcelona para convencer Dinamite a retornar para São Januário. O jogador voltou, marcou cinco gols sobre o Corinthians e consolidou sua posição como maior ídolo na história vascaína.
3. Fernando Macaé no Botafogo (1986)
O meia-atacante Fernando Macaé protagonizou um dos maiores “chapéus” da história ao anunciar sua ida para o Flamengo. No entanto, antes de assinar com o clube, o presidente do Botafogo, Emil Pinheiro, ofereceu um acordo superior e contratou o jogador, tornando a história mais notável pela reviravolta.
4. Bebeto no Vasco (1989)
A transferência de Bebeto do Flamengo para o Vasco foi uma das mais polêmicas. O ídolo rubro-negro negociava a renovação de seu contrato, mas o Vasco apresentou uma oferta impressionante e contratou o atacante, que foi peça fundamental na conquista do título brasileiro de 1989.
5. Carlos Alberto Dias no Botafogo (1990)
Em uma situação semelhante à de Fernando Macaé, o meia Carlos Alberto Dias já havia acertado com o Flamengo, mas Emil Pinheiro, presidente do Botafogo, interveio e convenceu o jogador a assinar com o clube alvinegro.
6. Muller no São Paulo (1996)
Ídolo tricolor, Muller jogava no Palmeiras e negociava a renovação quando o São Paulo entrou na jogada para repatriá-lo. O atacante desfalcou os palmeirenses nas finais da Copa do Brasil, e o São Paulo conquistou o título.
7. Túlio Maravilha no Santa Cruz (2001)
Túlio Maravilha acertou com o Sport, mas o Santa Cruz atravessou o rival e contratou o atacante. A cena de Túlio, inicialmente vestido com a camisa do Sport, mudando para a do Santa Cruz foi marcante.
8. Richarlyson no São Paulo (2005)
Richarlyson, destaque da base do Santo André, estava próximo de assinar com o Palmeiras, mas o São Paulo atravessou a negociação e contratou o volante. Richarlyson foi peça importante em três títulos brasileiros e na equipe campeã mundial em 2005.
9. Thiago Neves no Fluminense (2008)
Thiago Neves, emprestado ao Fluminense, assinou pré-contrato com o Palmeiras. No entanto, o jogador optou por assinar permanentemente com o Fluminense, devolvendo o dinheiro recebido pelo Palmeiras.
10. Ronaldo no Corinthians (2009)
Ronaldo treinava no Flamengo e parecia próximo de assinar contrato com o clube carioca. No entanto, a demora do Flamengo permitiu que o Corinthians, sob a presidência de Andrés Sanchez, contratasse o Fenômeno. Ronaldo se tornou ídolo da torcida, conquistando títulos paulista e da Copa do Brasil em sua primeira temporada.
11. Ronaldinho no Flamengo (2010/11)
Em baixa no Milan, Ronaldinho Gaúcho voltou ao Brasil em 2010. A disputa entre Flamengo, Palmeiras e Grêmio resultou em um leilão constrangedor. O Palmeiras desistiu, o Grêmio confiou na decisão emocional de Ronaldinho, mas o jogador fechou com o Flamengo, onde jogou por duas temporadas.
12. Martinuccio no Fluminense (2011)
Alejandro Martinuccio, destaque na campanha do vice-campeonato do Peñarol na Libertadores de 2011, assinou pré-contrato com o Palmeiras. No entanto, o Fluminense apareceu e contratou o jogador, desencadeando um imbróglio judicial entre os clubes.
13. Anselmo no Ceará (2013)
Anselmo, negociado com o Fortaleza, acabou vestindo a camisa do Ceará no ano seguinte, surpreendendo as expectativas do Fortaleza.
14. Wellington Silva no Fluminense (2013)
Wellington Silva negociava a renovação com o Flamengo, mas o Fluminense ofereceu uma proposta melhor e convenceu o lateral-direito a mudar de lado.
15. Alan Kardec no São Paulo (2014)
Alan Kardec, em sua segunda temporada no Palmeiras, negociava a renovação quando, em menos de um mês, trocou o Palmeiras pelo São Paulo. O então presidente são-paulino, Carlos Miguel Aidar, ainda afirmou que o Palmeiras havia se apequenado.
16. Henrique Dourado no Palmeiras (2014)
Como uma consequência da situação de Alan Kardec, Henrique Dourado chegou ao Palmeiras depois de romper um acordo com o Flamengo.
17. Dudu no Palmeiras (2015)
O Palmeiras protagonizou um dos “chapéus” mais lembrados, surpreendendo São Paulo e Corinthians para contratar Dudu. Após 12 horas de negociação, o Palmeiras anunciou a contratação do meia-atacante em janeiro de 2015.
18. Henrique Almeida no Grêmio (2016)
Henrique Almeida, vinculado ao Botafogo, estava prestes a ser contratado pelo Internacional quando o Grêmio entrou na negociação e ficou com o atacante.
19. Silvio Romero no Fortaleza (2022)
Silvio Romero, em negociações com o Ceará, foi surpreendido pelo Fortaleza, que o contratou, deixando o rival de mãos vazias.
20. Luis Henrique no Botafogo (2022)
O Flamengo tinha um acordo para trazer Luis Henrique, mas o Botafogo interveio, repatriando o jogador revelado pelo clube.
21. Caio Paulista no Palmeiras (2024)
Lateral-esquerdo titular do São Paulo em 2023, Caio Paulista estava em negociações para permanecer no clube quando o Palmeiras atravessou a negociação e contratou o jovem jogador.