O Campeonato Brasileiro, desde o seu início em 1959, teve episódios marcados por controvérsias e polêmicas. Dentre eles, o Brasileirão de 1986 foi um dos mais tumultuados, culminando na popularização do termo “tapetão” no vocabulário esportivo nacional. Nesta edição, interesses individuais e regras alteradas causaram confusão, beneficiando clubes como o Vasco da Gama.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), com o objetivo de reduzir o número de participantes no campeonato de 1987, modificou as diretrizes do Brasileirão de 1986 durante o torneio. Como consequência, o campeonato funcionou como uma espécie de torneio classificatório para o ano seguinte. Ao todo, 44 equipes disputaram o campeonato, além de quatro times provenientes da segunda divisão. O regulamento inicial previa que 32 desses times avançariam para a segunda fase.
Como ocorreu a virada de mesa no Brasileirão de 1986?
Por estar perto de ser eliminado na primeira fase, o Vasco da Gama buscou na Justiça Comum a anulação de uma decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). A decisão havia concedido dois pontos ao Joinville em uma partida contra o Sergipe. O Joinville havia sofrido uma penalidade após um de seus jogadores ser pego no doping. O Joinville, por sua vez, recorreu da decisão e reaver os pontos perdidos.
A situação se complicou ainda mais quando a Portuguesa foi eliminada do torneio devido a problemas relacionados à venda de ingressos. Em resposta, outros clubes paulistas ameaçaram abandonar a competição.
Na tentativa de acalmar os ânimos, a CBF decidiu aumentar o número de classificados para a próxima fase do torneio. Desta maneira, Vasco da Gama, Náutico, Santa Cruz e Sobradinho foram beneficiados e o campeonato seguiu com 36 equipes, quatro a mais do que o previsto no regulamento inicial.
Como a polêmica do Brasileirão de 1986 levou à criação do Clube dos 13?
O tumulto gerado na edição de 1986 do Campeonato Brasileiro motivou a criação do Clube dos 13, uma entidade destinada a proteger os interesses dos maiores clubes brasileiros. Frente à incapacidade da CBF de organizar o torneio de forma justa, o Clube dos 13 ganhou força, propondo a realização de um campeonato com 16 clubes – os 13 membros fundadores e mais três convidados.
Este movimento, contudo, prejudicou as equipes que haviam conquistado a classificação no Brasileirão de 86. Além disso, dois clubes que haviam sido rebaixados no último ano, Botafogo e Coritiba, foram resgatados. Esta combinação explosiva de interesses contraditórios e mudanças de regras consolidou o Brasileirão de 1986 como um marco na história polêmica do futebol brasileiro.