No dia 4 de fevereiro de 1969, enquanto a Nigéria estava dividida pelo conflito armado conhecido como Guerra de Biafra, um evento surpreendente trouxe uma breve trégua à guerra civil: uma partida de futebol.
Nesse dia, a equipe de Alvinegro Praiano, o aclamado Santos Futebol Clube, enfrentou a Seleção do Meio Oeste e ganhando de 2 a 1, entrou para a história como o primeiro time a interromper um conflito armado. Essa história notável e única é uma demonstração da magnitude do futebol, particularmente o jogado pelo Santos, e, em particular, de seu maior astro: Pelé.
Essa partida não estava programada inicialmente. Foi decidida após a equipe ter recebido garantias de segurança suficientes para a sua estadia na região. A competição aconteceu em Benin, quase na fronteira da Nigéria com a região separatista de Biafra. Antes disso, o Santos havia conquistado o título do Torneio Roberto Gomes Pedrosa de forma incontestável, solidificando ainda mais sua supremacia no futebol brasileiro.
A magia do Santos na África
A Confederação Brasileira de Desportos (CBD), em conflito com a Confederação Sul-americana na época, havia decidido que Santos e Internacional, campeão e vice do Brasil em 1968, respectivamente, não participariam da Copa Libertadores de 1969. Isso abriu caminho para que o Santos partisse para uma sequência de jogos na África que se revelaria histórica, reunindo admiradores por onde quer que passassem.
O Santos foi convidado para retornar à Nigéria para mais jogos, apesar da conturbação na região separatista de Biafra. Garantindo segurança, a delegação santista foi muito bem recebida pelo governador da região, e a partida contra a Seleção do Meio Oeste terminou com a vitória santista por 2 a 1, com gols de Edu e Toninho. A equipe santista ainda seguiu para Gana e Argélia antes de retornar ao Brasil.
Entendendo a Guerra de Biafra
Os conflitos na Nigéria eram uma realidade perturbadora. A guerra separatista em Biafra é conhecida como uma das maiores tragédias humanitárias do mundo, com um número estimado de mortos entre 500 mil e três milhões de pessoas. A divisão étnica e a luta por recursos naturais, principalmente o petróleo, culminaram em uma terrível guerra civil.
Mesmo diante deste cenário de guerra, a chegada do Santos trouxe uma espécie de trégua e alegria ao povo nigeriano. A admiração pelo Santos, pelo futebol brasileiro e, especialmente, por Pelé é algo que ainda é sentido até hoje no coração dos africanos.