A bola rola pelo gramado, lances incríveis, correria intensa, é o esporte mais amado do Brasil em plena ação. Porém, em 1999 um episódio extraordinário abalou as estruturas do futebol brasileiro. O centro dessa história foi Sandro Hiroshi, um jovem atleta que se destacava no Campeonato Paulista pelo Rio Branco.
Suas jogadas habilidosas chamaram a atenção do São Paulo, que decidiu levá-lo para suas fileiras. No entanto, a transferência resultou em uma enxurrada de controvérsias jurídicas, algumas com consequências desastrosas para o futebol brasileiro.
O fato em questão levou a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a ser impedida de organizar o campeonato Brasileirão no ano de 2000. Por trás de toda a situação estava um detalhe crucial: a idade de Sandro Hiroshi.
O que causou a polêmica com a idade de Sandro Hiroshi?
Sandro nasceu em 19 de novembro de 1979, porém a data de nascimento em seu documento de identidade foi alterada para 1980. A razão? Permitir que o jogador pudesse competir em um campeonato da categoria dente de leite em 1994.
A falsificação teria passado despercebida se não fosse pelo Tocantinópolis-TO, clube anterior de Sandro, que solicitou uma compensação pela ida do atleta para o São Paulo. Esta reivindicação fez emergir o fato de que Sandro estava competindo com documentação adulterada.
Como o caso Sandro Hiroshi afetou a organização do Brasileirão de 2000?
Além do problema com a idade, mais imbróglios surgiram. Sandro atuou em duas partidas importantes para o São Paulo, contra o Botafogo e o Internacional, quando o jogador estava tecnicamente com o passe bloqueado devido a pendências entre o Tocantinópolis e o Rio Branco. Diante deste cenário, Botafogo e Internacional entraram com pedidos de anulação desses jogos, o que levou o TJD a conceder a vitória a ambas as equipes.
A situação atingiu proporções gigantescas, com ações judiciais ocorrendo por parte de diversos clubes envolvidos em disputas na Série A. Entre elas, o Gama entrou na Justiça Comum contra a CBF, resultando na proibição da organização do Campeonato Brasileiro de 2000 pela entidade, o que deixou a competição nacional sob responsabilidade do Clube dos Treze.
E o que aconteceu com Sandro Hiroshi após o incidente?
Sandro foi punido com uma suspensão de 180 dias pelo STJD e teve que responder por falsidade ideológica na Justiça Comum. No entanto, o São Paulo manteve seu salário durante o período de suspensão e forneceu apoio psicológico ao jogador.
Passado o turbilhão, Sandro voltou a jogar pelo Tricolor paulista até 2002, mas sem repetir as boas atuações que outrora lhe destacaram. O atleta seguiu sua carreira em diversos clubes, incluindo Flamengo, Figueirense, Al-Jazira, Guarani, Santo André, Red Bull Brasil e Rio Branco, onde encerrou sua trajetória esportiva em 2013. Assim foi a história do caso Sandro Hiroshi, um exemplo dramático das vezes em que o futebol cruza a linha do gramado e se encontra com os tribunais do país.