Segundo o levantamento feito pela Ernst & Young, as dívidas dos principais clubes do futebol brasileiro tiveram um aumento de R$ 900 milhões de 2021 para 2022. Ultrapassou a soma de R$ 11 bilhões pela segunda vez na história, uma cifra alarmante que sugere um cenário financeiro bastante desafiador para esses clubes. Atlético-MG, Cruzeiro e Botafogo foram os que viram suas dívidas ultrapassarem o patamar bilionário, com o Corinthians não ficando muito atrás.
Contudo, especialistas na área financeira argumentam que esses números, embora assustadores, não devem ser avaliados isoladamente. Pedro Daniel, diretor executivo da EY Brasil, sugere que o número da dívida, por si só, não retrata completamente a realidade financeira dos clubes. Ele argumenta que a capacidade de geração de caixa e o patamar financeiro de cada clube são aspectos importantes a serem considerados na avaliação destas dívidas.
Em números absolutos, a maior dívida do futebol brasileiro é do Atlético-MG, que acumulou uma dívida de R$ 1,57 bilhão em 2022. Em seguida vem o Cruzeiro, com uma dívida de R$ 1,18 bilhão, e o Botafogo fecha o “trio do bilhão” com uma dívida de R$ 1,04 bilhão. O Corinthians está próximo desse patamar, com um endividamento líquido de R$ 927 milhões, cuja maior parte, infelizmente, é tributária.
O tamanho da dívida indica a capacidade de pagamento do clube?
Para colocar em perspectiva o endividamento de cada clube, o estudo da EY também relaciona a dívida às receitas geradas na temporada. Essa relação endividamento x receita auxilia na avaliação de quais clubes estão com a exposição maior, sendo mais alavancados. Dívidas são consideradas mais onerosas para clubes de Série B, devido a menor geração de caixa.
Por exemplo, o Corinthians, mesmo com uma dívida próxima a R$ 1 bilhão, foi a terceira equipe do Brasil que mais arrecadou no último ano, ficando com índices próximos a 1: 1,19. Em contrapartida, Botafogo e Cruzeiro apresentam uma situação mais preocupante, com índices de 6,38 e 6,25, respectivamente. Isso significa que, mesmo que pegassem tudo o que arrecadaram em uma temporada, ainda precisariam de mais de seis anos para zerar os débitos.
Diante do cenário apontado, Botafogo e Cruzeiro, juntamente com o Vasco, têm em comum a adoção do modelo de Sociedade Anônima de Futebol (SAF) como tentativa de solucionar os problemas financeiros. Tal decisão tem como objetivo nortear a gestão financeira dos clubes, amenizando os efeitos de longo prazo causados pelo endividamento e facilitando o processo de equalização do endividamento.