O nome de José Luis Chilavert não é apenas sinônimo de grandeza entre os goleiros; é também uma lembrança vívida de como um arqueiro pode se tornar um especialista em bolas paradas, deixando sua marca na história da Copa do Mundo de 1998.
Os aficionados pelo futebol mais experientes certamente recordarão a partida épica entre Paraguai e Bulgária em Montpellier, em junho de 1998. Naquela tarde, torcedores sul-americanos aguardavam ansiosos por uma cobrança de falta próxima à área adversária.
A espera agonizante chegou ao fim aos 72 minutos, quando Trifon Ivanov derrubou Jorge Luis Campos a cerca de 35 metros do gol. Era o momento tão aguardado para José Luis Campos, que se tornou o primeiro goleiro a realizar uma cobrança de falta direta em uma partida da Copa do Mundo. Seu chute quase resultou em um gol espetacular, mas foi negado por uma brilhante defesa de Zdravko Zdravkov.
Chilavert, no entanto, não era um estranho à ideia de marcar gols. Enquanto Rene Higuita introduziu o papel ofensivo dos goleiros na Copa do Mundo, Chilavert solidificou a noção de que um arqueiro podia ser um especialista em bolas paradas, antecipando-se ao estilo de jogadores como Rogério Ceni, ex-goleiro e atual técnico do São Paulo.
“Se você acha que só precisamos evitar que o outro time marque, você não entende o que fazemos. Isso é uma visão tão negativa. Pelo contrário, um bom time começa com um bom goleiro”, afirmou Chilavert em uma entrevista ao site oficial da Fifa. Chilavert defendia a ideia de que um goleiro deveria ser hábil tanto com os pés quanto com as mãos. Ele dedicava horas de treino, realizando regularmente entre 80 e 120 cobranças de falta após os treinos.
Apesar de encontrar resistência, inclusive dos próprios torcedores do Real Zaragoza, durante sua passagem pelo clube nos anos 80, Chilavert justificava sua abordagem. “Vejo isso como uma maneira de ajudar minha equipe a vencer”, explicava ele. “Se você tem um goleiro com um bom chute, deve aproveitá-lo.”
Ao longo de sua carreira, Chilavert marcou 67 gols, incluindo oito pela seleção paraguaia. Sua cobrança mais memorável veio de cerca de 60 metros de distância, quando surpreendeu o goleiro do River Plate, German Burgos, em um jogo da Primera Division na Argentina.
Mesmo enfrentando adversidades, como uma suspensão durante as eliminatórias da Copa do Mundo de 2002 e uma briga com Faustino Asprilla que levou a ameaças de morte, Chilavert já havia deixado uma marca no torneio.
Seu legado vai além das cobranças de falta, destacando-se pelo trabalho árduo e pela determinação que o colocaram no centro das atenções. O feito histórico de quase marcar na Copa do Mundo de 1998 é apenas um capítulo da trajetória singular de um goleiro que desafiou os padrões estabelecidos.