O Atlético-MG esperou 50 anos para conquistar o Campeonato Brasileiro depois de ter sido campeão pela primeira vez em 1971, mas essa fila poderia ter sido muito menor se o destino tivesse sorrido para o Galo em 1977, quando o alvinegro acabou derrotado nos pênaltis para o São Paulo na final e acabou se tornando o único vice-campeão brasileiro invicto da história.
Comandado por Reinaldo, que vivia um momento iluminado, sendo artilheiro do Brasileirão com média de 1,5 gol por jogo (uma das melhores da história) e com outros talentos oriundos de suas categorias de base como Luisinho, Toninho Cerezo, João Leite, Paulo Isidoro e Marcelo Oliveira, o Atlético sobrou no Brasileiro de 77 e chegou na final de forma invicta, com a melhor campanha da competição.
A decisão do Brasileiro de 1977 aconteceu no começo de 1978 e já começou muito antes da bola rolar quando a CBD, tirou da gaveta um julgamento por uma expulsão de Reinaldo na primeira fase da competição e que mesmo com ele já tendo a cumprido, acabou sendo suspenso da final.
Isso porque o Rei era um opositor ferrenho da ditadura militar que assolava o Brasil e comemorava todos os seus gols com um punho cerrado, um gesto de resistência aos anos de chumbo que nosso país vivia. Sendo assim, não pegaria bem para o regime ver um “comunista” campeão. Além disso, Serginho Chulapa, principal jogador do SPFC, também havia sido suspenso por uma expulsão na fase anterior e a CBD achou por bem “igualar o jogo”.
Antes da bola rolar, muito se falou sobre ambos jogadores entrarem em campo e Reinaldo acabou até mesmo aquecendo para jogar mas acabou nunca entrando em campo. Tendo escutado seu veredito da boca de um general as vésperas do pontapé inicial.
Quando a bola rolou, uma partida truncada terminou em 0x0. Com o Tricolor sendo claramente favorecido pela arbitragem depois que Chicão quebrou a perna de Ângelo e seguiu em campo da mesma forma. Nos pênaltis nem mesmo as três defesas de pênalti feitas por João Leite impediram o título de ir para o Morumbi. Para muitos, esse dia é um dos mais tristes da história de Belo Horizonte.
Clube ATLÉTICO MINEIRO 0 X 0 SÃO PAULO Futebol Clube
Tempo normal: 0 x 0Prorrogação: 0 x 0Pênaltis: 3 x 2 para o SPFC.
SPFC: Waldir Peres; Getúlio, Tecão, Bezerra e Antenor; Chicão (capitão), Teodoro (Peres) e Darío Pereyra; Viana (Neca), Mirandinha e Zé Sergio. Técnico: Rubens Minelli.
CAM: João Leite, Alves, Márcio, Vantuir e Valdemir, Toninho Cerezo, Ângelo e Marcelo (Paulo Isidoro), Serginho, Caio (Joãozinho Paulista) e Ziza. Técnico: Barbatana.
Árbitro: Arnaldo David Cezar Coelho
Renda: CR$ 6.857.080,00
Público: 102.974 pagantes
Pênaltis:
Getúlio – perdeu (João Leite) / Toninho Cerezo – perdeu (por cima)
Chicão – perdeu (João Leite) / Ziza – gol
Peres – gol / Alves – gol
Antenor – gol / Joãozinho Paulista – perdeu (cima)
Bezerra – gol / Márcio – perdeu (por cima)