Em uma atitude corajosa que raramente se vê em figuras de autoridade no futebol, Leila Pereira, presidente do Palmeiras, rompeu o silêncio habitual que envolve questões delicadas no esporte. Durante uma entrevista concedida nesta quinta-feira, Pereira expressou seu desapontamento e indignação com a falta de posicionamento do mundo do futebol a respeito das condenações por estupro envolvendo os ex-jogadores Robinho e Daniel Alves.
A dirigente, que se destaca não apenas por ser uma das poucas mulheres na liderança de um clube da primeira divisão do futebol brasileiro mas também por sua disposição em abordar temas polêmicos, encontrava-se em Londres para liderar a delegação brasileira. O Brasil tem um jogo marcado contra a Inglaterra no prestigiado estádio de Wembley, no próximo sábado, dia 23.
Por que o posicionamento de Leila Pereira é essencial?
“Ninguém fala nada, mas eu, como mulher aqui na chefia da delegação, tenho que me posicionar sobre os casos do Robinho e Daniel Alves”, afirmou Pereira em entrevista ao UOL. Essas palavras refletem a urgência de uma mudança de cultura dentro do futebol, um esporte ainda dominado por homens e marcado por um silêncio ensurdecedor sobre questões de violência contra a mulher.
O mal-estar causado por esses casos específicos não está apenas nas ações lamentáveis dos envolvidos mas também na resposta insuficiente dos órgãos competentes. Robinho, ex-atacante, enfrenta uma pena de nove anos de prisão por um horrível caso de estupro coletivo na Itália em 2013. A condenação, que foi imposta em 2017 e ratificada em 2022, teve sua execução aceita pelo Superior Tribunal de Justiça do Brasil.
Por outro lado, o caso de Daniel Alves também gera revolta. O ex-lateral direito conseguiu a liberdade mediante o pagamento de uma fiança milionária, enquanto aguarda recurso sobre sua sentença de estupro ocorrido em uma boate em Barcelona, em 2022. Tais eventos trazem à tona a discussão sobre a impunidade e o tratamento de figuras esportivas em situações de crime.
A questão da impunidade no futebol
Leila Pereira enfatiza a importância de se posicionar contra a impunidade. “Cada caso de impunidade é a semente do crime seguinte”, acrescentou, demonstrando preocupação com o precedente que o silêncio e a falta de ação podem estabelecer. A presidente do Palmeiras levanta uma questão crucial: até quando o mundo do futebol permanecerá em silêncio diante de atos tão graves?
As ações de Leila Pereira na chefia da delegação brasileira e a sua disposição para enfrentar questões polêmicas são um sopro de mudança em um ambiente que, por muito tempo, permaneceu fechado às discussões sobre violência de gênero. Ao questionar o silêncio ensurdecedor do futebol sobre as condenações de Robinho e Daniel Alves, ela abre caminho para um diálogo mais amplo sobre responsabilidade, justiça e igualdade de gênero no esporte.
Resta agora aguardar as reações e mudanças que esse posicionamento valente poderá inspirar. Enquanto isso, Leila Pereira já marcou seu nome não apenas como uma figura de liderança no futebol brasileiro, mas como uma voz ativa na luta por um ambiente esportivo mais justo e igualitário.