Ouço você perguntar: quem foi Castor de Andrade? De gênio imponente e caracterizado por seu terno italiano, cabelos penteados para trás, perfume marcante e eloquência, Castor de Andrade era uma das figuras mais célebres do Rio de Janeiro no século XX. Este homem, nascido em 12/02/1926 no Rio de Janeiro, foi um dos precursores do jogo ilegal no Brasil.
De origens humildes, Castor foi criado no bairro de Bangú, um dos berços do jogo do bicho no Brasil. Desde cedo, entrou em contato com o universo do jogo graças a sua própria família. Sua avó, Dona Eurides, complementava a renda da casa trabalhando como apontadora de jogo do bicho no bairro; quando sua mãe casou-se com Eusébio “Zizinho” de Andrade, um homem respeitado na região, Castor teve a oportunidade de ingressar neste mundo intrigante.
Com uma visão empresarial acima da média, Castor assumiu os pontos de aposta que pertenciam a seu pai no Bairro de Bangú e ampliou os negócios, transformando uma fonte extra de renda em um verdadeiro império. Conhecido como “Padrinho”, ganhou o carinho e o respeito da população ao se tornar benfeitor do bairro e contribuir para o desenvolvimento de atividades importantes para a comunidade, como o futebol e o carnaval.
Como Castor de Andrade influenciou o futebol e o samba?
Essas duas importantes manifestações culturais desempenharam um papel central na ascensão de Castor. Por exemplo, em 1963, juntamente com seu pai, assumiu a presidência e o departamento de futebol do Bangu Atlético Clube, levando o clube a alcançar novos patamares no futebol brasileiro. Com Castor à frente do time, o Bangu se consagrou Campeão Carioca em 1966 e viveu uma de suas épocas mais gloriosas.
No entanto, a trajetória de Castor não foi isenta de obstáculos. Em certo momento, a justiça tornou-se a maior pedra no caminho do empresário, que passou a dedicar-se ainda mais à sua outra paixão, o carnaval, atividade na qual também teve grande sucesso. Como Patrono da Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel, ele financiou e apoiou a escola, beneficiando-se da popularidade adquirida entre os sambistas.
O legado de Castor de Andrade
Apesar de ter enfrentado problemas com a lei e cumprido parte de sua pena em prisão domiciliar, Castor de Andrade deixou uma marca indelével na história do subúrbio carioca. Mesmo após sua morte, em decorrência de um ataque cardíaco fulminante, seu espírito segue vivo nas ruas do bairro de Bangu.
Em 2021, o Bangu Atlético Clube homenageou seu ex-presidente ao estampar um “castor” ao lado do escudo em sua camisa, assim como nos anos 80, uma prova de que o legado de Castor de Andrade continua vivo e influente.