É bem sabido que o patrocínio na camisa de clubes de futebol tornou-se uma fonte fundamental de renda, sendo vital para a sobrevivência de muitos deles. Apesar dessa prática ser hoje algo comum e inquestionável, nem sempre foi assim. Na verdade, houve uma época em que colocar publicidade na camisa esportiva era estritamente proibido.
De acordo com registros históricos, o primeiro clube a romper essa barreira no mundo do futebol foi um time da então Alemanha Ocidental, o Eintracht Braunschweig. Atualmente na terceira divisão do futebol alemão, o Braunschweig tem uma longa história na Bundesliga, tendo inclusive conquistado o campeonato em 1967. No entanto, sua contribuição mais duradoura para o futebol ocorreu em um jogo contra o Schalke 04, em 24 de março de 1973.
O início do patrocínio nas camisas
Nessa partida, o Braunschweig entrou em campo com a sua tradicional camisa amarela, com uma diferença: o escudo do clube foi substituído pelo logotipo do famoso licor alemão Jägermeister, a um custo de 100 mil marcos alemães.
Apesar da existência de uma proibição explícita contra publicidade nas camisas na época, a equipe conseguiu contornar a situação de maneira criativa, embora não tenha escapado do rebaixamento devido ao seu desempenho naquela temporada.
A jogada audaciosa acabou inspirando outros times a fazer o mesmo. Um dos primeiros a seguir o exemplo foi o Bayern de Munique, que na temporada 1973/1974, passou a usar um uniforme vermelho sem o distintivo do clube, mas com o logotipo da marca Adidas em destaque. A partir de então, gradualmente outras equipes europeias começaram a adotar patrocínios em suas camisas.
E no Brasil, como foi?
No Brasil, a história do patrocínio nas camisas de futebol também tem seus pioneiros. O Democrata de Sete Lagoas-MG foi o primeiro clube a exibir um patrocínio em sua camisa, após uma mudança na legislação do antigo Conselho Nacional de Desportos (CND) em julho de 1982, que eliminou a proibição dessa prática. O clube mineiro exibiu a marca do material esportivo Equipe e o logo do banco Agrimisa no seu uniforme, por um valor de Cr$ 500 mil, o que equivaleria hoje a cerca de R$ 19 mil.
No entanto, há relatos de que o clube carioca Bangu foi ainda mais pioneiro nessa prática, exibindo o logo da Fábrica de Tecidos Bangu em suas camisas brancas já na temporada de 1948, em uma época em que propagandas em uniformes eram proibidas pela Fifa. Apesar disso, pouco foi feito para impedir essa prática, uma vez que o clube e a fábrica compartilhavam o mesmo nome.
Portanto, quando olhamos para as camisas de futebol hoje, repletas de patrocínios e logos, é interessante lembrar como essa prática, hoje tão comum, teve seu começo.
Paula Gomes é jornalista e apaixonada por futebol. Atuou em diferentes meios de comunicação, como O Globo, Diário de S. Paulo, Rádio CBN, entre outros. Atualmente, escreve para diversos blogs e sites sobre o universo esportivo.