A crise financeira do Corinthians ganhou mais um capítulo quente. O clube não pagou a segunda parcela do acordo homologado na CNRD (Câmara Nacional de Resolução de Disputas) e o Cuiabá, credor no processo, já ameaça acionar o transfer ban, medida que impede o registro de novos jogadores.
Entenda a treta: atraso confirmado, mas versões diferentes
A parcela venceu na última sexta-feira, e até agora nada de depósito na conta do Cuiabá. O clube do Mato Grosso não quer saber de desculpas e promete endurecer: vai notificar a CNRD na segunda-feira (19) e pedir punição imediata.
Enquanto isso, o Corinthians afirma estar respaldado por uma cláusula do próprio acordo. Segundo o clube paulista:
“O Corinthians tem o prazo de cinco dias corridos a partir de cada pagamento para prová-lo nos autos deste requerimento.”
Com isso, o Timão garante que está dentro do prazo e promete quitar o valor até quarta-feira (22).
Cuiabá rebate: cláusula não muda data do pagamento
Do outro lado, o Cuiabá contesta com firmeza. Em documento enviado em julho, quando o Corinthians também atrasou a primeira parcela, o relator Marcelo Lessa deixou claro que:
“O prazo de cinco dias para apresentar os comprovantes de pagamento não deve ser considerado uma extensão do prazo de pagamento.”
Ou seja, o tempo extra serve apenas para entregar o recibo, não para atrasar a grana.
Cristiano Dresch, presidente do Cuiabá, foi direto:
“Vamos comunicar o não pagamento e aguardar o transfer ban imediato, conforme o acordo firmado.”
O que está em jogo: transfer ban de seis meses
Se o Corinthians descumprir o plano de forma reiterada, o regulamento prevê uma suspensão no registro de jogadores por pelo menos seis meses, e mesmo que o clube pague depois, a punição continua.
Plano de R$ 76 milhões e dívida pesada
Para tentar colocar ordem na casa, o Corinthians criou um plano coletivo de pagamento aos credores, homologado em abril deste ano. O acordo prevê:
- R$ 76 milhões parcelados em 6 anos, com parcelas a cada 3 meses;
- 80% do valor de cada parcela vai direto para o credor principal;
- 20% ficam com advogados (honorários).
O Cuiabá é um dos principais credores do clube na CNRD.
Análise: Timão pisa na bola de novo e pode sofrer no mercado
Essa não é a primeira vez que o Corinthians se complica com acordos. Atrasos, promessas furadas e discursos conflitantes se tornaram rotina nos bastidores de um clube que já foi referência de organização.
Um eventual transfer ban em 2025 pode ser desastroso para um time que já precisa de reformulação urgente. Com a janela de janeiro no horizonte e um elenco envelhecido, ficar fora do mercado por seis meses pode travar ainda mais a reconstrução.
Pior: o Cuiabá parece disposto a ir até o fim, e o clube paulista já não tem mais tanto crédito no cenário jurídico.
 
			