Lenda do futebol brasileiro virou rei na Arábia muito antes de Cristiano Ronaldo e Neymar

Nos anos 70 e 80, o futebol saudita era praticamente desconhecido no cenário global. No entanto, dentre os poucos expoentes desse embrião de liga profissional, encontrava-se o clube Al-Hilal de Riyadh, cuja história está intrinsecamente ligada à do icônico meio-campista brasileiro Roberto Rivellino.

Hoje, o Al-Hilal, ao conquistar três vezes o título da Champions League Asiática, consegue consolidar a metamorfose de um futebol outrora primário em uma força respeitada no meio, sendo o potencial adversário do Flamengo no Mundial de Clubes.

No início, os jogadores sauditas não eram profissionais, ganhavam presentes dos príncipes e subitamente podiam ‘sumir’. O cenário mudou bastante e atualmente o Al-Hilal enfrenta o Espérance Tunis nas quartas de final do Mundial de Clubes, disputando uma chance de encarar o Flamengo.

Onde tudo começou: a contratação de Rivellino

Nessa primitiva liga saudita, Rivellino, ou “Rivo”, chegou ao Al-Hilal em 1979 com 33 anos. Ele e o tunisiano Néjib Limam tinham um privilégio que muitos jogadores locais não possuíam: salário. Com casa e escola dos filhos pagos pelo clube, Rivellino também recebia agrados dos dirigentes, como relógios cravejados de brilhantes para marcar gols em jogos específicos.

Ele ainda preencheu o sonho de adolescência de possuir um Mercedes, veículo que alegremente comparou ao Volkswagen Fusca no Brasil. Jogar no clima árido foi um desafio para Rivellino e ele ficou conhecido por jogar com algodão molhado na boca para mantê-la úmida. As condições climáticas interferiam no gramado, sendo a solução a substituição por campos sintéticos.

Naqueles campos sintéticos, apontados por Rivo como superiores aos do interior de São Paulo, o brasileiro marcou 23 gols em 50 jogos pela equipe de Riyadh. Apesar de estar próximos da aposentadoria, o ex-meio-campista ainda nutria esperanças de disputar a Copa do Mundo de 1982 na Espanha. Segundo ele, “Hoje você joga na Arábia e é lembrado pela seleção. Na época eu estava bem pra cacete, eu treinava, corria mais. Se alguém fosse lá me ver jogar…”.

O retorno ao Brasil e as expectativas dos são-paulinos

Após três temporadas com o Al-Hilal, Rivellino voltou ao Brasil em 1981 sem anunciar oficialmente o fim de sua carreira, despertando expectativas dos são-paulinos. Utilizando as instalações do clube para manter a forma física, ele acabou sendo convidado pela diretoria do São Paulo para disputar um amistoso contra a seleção da Arábia Saudita.

Apesar da boa atuação e da goleada aplicada, Rivellino decidiu não prosseguir com a carreira. Esta trajetória traçada por Rivellino no Al-Hilal, onde ele se aposentou como jogador de futebol, é uma representação de como o futebol na Arábia Saudita evoluiu. Daquela equipe desamparada na década de 70 para o time de sucesso que vemos hoje, “Rivo” foi um marco da transição de um cenário quase amador para as grandes ligas profissionais internacionais.

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.