Para combater a corrupção e a manipulação de resultados, a Associação de Futebol da Ucrânia introduziu nesta semana uma medida inédita no esporte: a utilização de polígrafos – ou popularmente conhecidos como “detectores de mentiras” – nos árbitros do futebol ucraniano. A iniciativa gerou reações diversas entre especialistas e gerou preocupações sobre os direitos humanos e ética desportiva.
O advogado Rafael Ramos, especialista em direito desportivo, criticou a medida, alegando que ela “viola o âmago de todas as normas federativas desportivas, a ética desportiva, pois não respeita a intimidade privada do ser humano, é invasivo como coagir o árbitro a apitar em favor de A ou B.”
“Por consequência, viola os direitos humanos fundamentais, os direitos de personalidade”. Ele sugere que existem outros dispositivos, como o VAR, que já auxiliam na preservação da integridade do esporte sem invadir a privacidade dos árbitros.”
Por outro lado, Vinicius Loureiro, também advogado especializado em direito desportivo, reconhece que “em casos extremos de insegurança com relação à integridade, medidas heterodoxas podem se fazer necessárias”. Ele argumenta que, apesar de incomum, não há regras na modalidade que impeçam o uso do polígrafo.
Aplicação do polígrafo
Segundo a Associação de Futebol da Ucrânia, a árbitra Kateryna Monzul terá a responsabilidade de desenvolver uma metodologia para implementar o uso do polígrafo. O detector de mentiras será utilizado após o sorteio dos jogos. A entidade enfatizou que a iniciativa é uma resposta à proposta feita pelo Judiciário do país, que estuda a aplicação dessa tecnologia também em juízes e magistrados ucranianos.
A implementação dessa medida inovadora no futebol ucraniano abre uma nova discussão global sobre os limites entre a preservação da integridade nos esportes e os direitos individuais desses profissionais. Só o tempo dirá se esta solução produzirá os efeitos desejados ou se gerará problemas adicionais.