Desde a abertura da janela de transferências, em janeiro, um manto de quietude se estendeu por toda a Europa futebolística. Mesmo na agitada Premier League, onde os clubes geralmente esbanjam sem muitas preocupações, reina a calmaria.
Curiosamente, contrariando as críticas direcionadas a Daniel Levy por sua cautela financeira, é o Tottenham que lidera os gastos no momento. O clube trouxe Timo Werner por empréstimo e desembolsou 21,5 milhões de libras (R$ 134 milhões), mais 5,2 milhões de libras (R$ 32,5 milhões) em bônus, ao Genoa pelo jogador Radu Dragusin.
O interesse dos Spurs também se estendeu a Gallagher, do Chelsea, mas parece que questões econômicas podem ter desencorajado o negócio, seguindo a tendência de contenção financeira observada em toda a Europa.
A grande questão que permeia as discussões é: onde estão os grandes gastadores? No mesmo período do ano passado, o Chelsea já tinha desembolsado 89 milhões de libras (R$ 556 milhões) por Mudryk, e o Liverpool havia adquirido Cody Gakpo. Até mesmo clubes em situação financeira delicada, como Bournemouth e Leeds, estavam ativos no mercado.
A economia restrita observada nos clubes europeus neste janeiro de 2024 é, em grande parte, uma consequência dos gastos extravagantes do passado. Devido à supremacia da Premier League em termos de receitas comerciais e de transmissão, são os ingleses que geralmente lideram os gastos na janela de transferências.
Nos últimos dois anos, o recorde de gastos na Premier League foi quebrado duas vezes. Em 2022, os clubes gastaram impressionantes 2 bilhões de libras (R$ 12,4 bilhões). Na primeira parte da temporada 2023/24, o recorde foi novamente superado, atingindo a marca surpreendente de 2,4 bilhões de libras (R$ 14,9 bilhões).
Apesar das altas receitas, em um mundo pós-pandemia, é compreensível que a Premier League – em termos simplificados – esteja sentindo os efeitos de uma reserva de caixa mais enxuta. Enquanto isso, o restante da Europa, incapaz de competir com os salários e taxas de transferências praticados na Inglaterra, enfrenta dificuldades para realizar as contratações necessárias.
A Premier League também começou a mostrar maior rigidez em relação às regulamentações financeiras. O Everton foi duramente penalizado, recebendo uma dedução de 10 pontos por violar as regras, enquanto o Manchester City enfrenta mais de 115 acusações de violações.
As regras de sustentabilidade financeira determinam que um clube não pode registrar perdas superiores a 105 milhões de libras (R$ 655 milhões) em um período de três anos. Portanto, é compreensível por que os clubes da Premier League estão cautelosos com seus gastos.
Essa tendência também é observada em toda a Europa, com clubes como Barcelona enfrentando dificuldades econômicas, e o Inter, finalista da Liga dos Campeões, acumulando dívidas em torno de 700 milhões de libras (R$ 4,3 bilhões).
Com a Europa em uma situação de impasse econômico, os clubes podem esperar que a Arábia Saudita volte a impulsionar o mercado de transferências, como ocorreu no início da temporada. No entanto, os times sauditas têm se mantido quietos, refletindo a situação da Saudi Pro League como um todo.
Além disso, a falta de opções no mercado também pode explicar a falta de atividade nas transferências. O Arsenal e o Chelsea, por exemplo, estão em busca de um atacante, mas a escassez de jogadores de qualidade disponíveis tem sido um obstáculo.
Apesar da calmaria atual, ainda há a expectativa de que as coisas possam mudar rapidamente no mercado de transferências. Uma série de contratos expirará no verão europeu, com nomes como Mbappé e Salah entrando na lista de jogadores disponíveis. No entanto, por enquanto, qualquer pessoa que espere uma grande transferência antes do final do mês provavelmente ficará desapontada.