O Sport Club Corinthians Paulista, um dos clubes mais emblemáticos do futebol brasileiro, possui uma história rica e repleta de conquistas.
No entanto, para compreender verdadeiramente o caminho glorioso do Timão, é essencial mergulhar nas origens e responder à pergunta: Qual foi o primeiro estádio do Corinthians?
Os Primórdios do Corinthians
O Corinthians foi fundado em 1910, nas dependências do bairro do Bom Retiro, em São Paulo. Em seus primeiros anos, o clube enfrentava desafios consideráveis, inclusive a ausência de um estádio próprio para treinos e partidas. A busca por uma casa adequada levou os dirigentes corintianos a explorar diferentes opções.
Campo do Lenheiro – O Início da Jornada
O primeiro capítulo dessa trajetória teve início no Campo do Lenheiro, um terreno alugado no bairro Bom Retiro. Em 1910, quando o clube foi fundado, o Corinthians não tinha um espaço para chamar de seu.
Miguel Bataglia, o primeiro presidente da história do Corinthians, tomou a decisão de alugar o Campo do Lenheiro, propriedade de um lenhador da época.
Esse campo, um terrão com condições longe do ideais, testemunhou os primeiros passos do Corinthians no cenário futebolístico. Jogadores da época enfrentavam partidas em condições adversas, muitas vezes saindo do campo completamente sujos de barro.
No Campo do Lenheiro, o Corinthians disputou um número limitado de jogos entre os anos de 1910 e 1912. O retrospecto inclui 7 jogos, com 3 vitórias e 4 resultados desconhecidos.
Estádio da Ponte Grande – A Construção Coletiva
A evolução do Corinthians rumo a um estádio próprio continuou com o Estádio da Ponte Grande, inaugurado em 17 de março de 1918. Localizado também no Bom Retiro, esse estádio foi fruto de um esforço coletivo. Miguel Bataglia, em seu 15º mandato como presidente, liderou a iniciativa.
A ideia era unir a torcida corintiana na construção do estádio, uma tarefa desafiadora dadas as limitações financeiras do clube. O ex-vereador e torcedor do Corinthians, Alcântara Machado, desempenhou um papel crucial ao persuadir a Prefeitura de São Paulo a ceder um terreno para o clube.
O terreno, conhecido como a chácara da floresta, já possuía um pequeno campo, e os torcedores, juntamente com ídolos do Corinthians da época como Casemiro, Neco, Amílcar, e Gonzáles, contribuíram tanto financeiramente quanto com mão de obra para a construção do estádio.
Entre 1918 e 1927, o Corinthians atuou no Estádio da Ponte Grande em 102 jogos, registrando 80 vitórias, 11 empates, e 11 derrotas. O título mais significativo conquistado neste estádio foi o Campeonato Paulista em 1923.
Parque São Jorge – O Surgimento da Fazendinha
A próxima parada na jornada do Corinthians foi o Parque São Jorge. Em 1923, o clube já havia jogado uma partida nesse local, mas como visitante. Ernesto Cassano, presidente do Corinthians na época, tinha o desejo de construir um novo estádio para o clube, mesmo mantendo a Ponte Grande como casa.
A oportunidade surgiu em 1926, quando Cassano decidiu comprar 40 mil metros quadrados do Parque São Jorge, originalmente uma fazenda. O desafio financeiro mais uma vez se apresentou, mas o empresário Alfredo Schurig, um torcedor fervoroso, investiu pesadamente para ajudar na construção.
Os torcedores novamente se uniram para oferecer sua força de trabalho, e em 1928, o estádio foi inaugurado. Batizado, portanto, com o nome de Estádio Alfredo Schurig, o Parque São Jorge se tornou a nova casa do Corinthians.
O retrospecto do clube neste estádio inclui 469 jogos entre 1928 e 1940, com 347 vitórias, 60 empates, 62 derrotas e a conquista de quatro títulos paulistas.
Pacaembu – O Palco de Grandes Glórias do Corinthians
A década de 1940 marcou uma nova fase para o Corinthians, que passou a mandar seus jogos no Estádio do Pacaembu. Essa mudança simbolizou um salto de ambição para o clube, que buscava um estádio à altura da paixão de sua torcida, os famosos “bando de loucos.”
O Pacaembu, propriedade do governo, se tornou a nova casa do Corinthians, proporcionando uma atmosfera única em dias de clássicos. A pressão dos torcedores, portanto, era palpável, e o estádio viu o surgimento de ídolos corintianos como Sócrates, Rivellino e Luizinho.
Entre 1940 e 2014, o Corinthians realizou 1699 jogos no Pacaembu, conquistando títulos como o Paulistão (1951, 1954 e 2009), o Torneio Rio-São Paulo (1950, 1954 e 1966), o Brasileirão (2011), a Libertadores (2012), e a Recopa (2013).
Neo Química Arena – A Casa Atual
O capítulo mais recente na saga dos estádios corintianos é a Neo Química Arena, inaugurada em 2014. Em 2010, no centenário do clube, a diretoria do Corinthians apresentou, portanto, um projeto ambicioso para construir uma arena em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo.
A construção, concluída em 2014, resultou em um estádio moderno, bem estruturado, e com capacidade para abrigar milhares de torcedores. O reconhecimento internacional veio quando a Arena Corinthians foi escolhida como sede para a Copa do Mundo de 2014.
Desde então, a Neo Química Arena tem sido palco de jogos históricos e conquistas importantes para o Corinthians. Em 2020, um acordo de patrocínio resultou na mudança do nome para Neo Química Arena.
Até o momento, o Corinthians disputou 205 jogos na Neo Química Arena, com 126 vitórias, 56 empates e 23 derrotas. O estádio testemunhou a conquista de dois Campeonatos Brasileiros (2015 e 2017) e três títulos paulistas (2017, 2018, 2019).
A história dos estádios do Corinthians é um reflexo da evolução do clube ao longo dos anos. Do Campo do Lenheiro à Neo Química Arena, cada estádio, portanto, representa um capítulo único na saga do Timão.
A busca por uma casa própria, as construções coletivas, os momentos de glória e as mudanças significativas refletem não apenas a evolução física dos estádios, mas também o espírito apaixonado e perseverante da torcida corintiana, que continua a ser a força motriz por trás do sucesso do clube.