O 15º Distrito Policial de São Paulo está conduzindo uma investigação sobre um prejuízo estimado em R$ 18 milhões nas contas do jogador Dudu, do Palmeiras. A acusação sugere a possível participação de funcionários de um banco, de um cartório em São Paulo, e do ex-assessor e padrinho de casamento do atacante, Thiago Donda. Os advogados de Dudu registraram um boletim de ocorrência e solicitaram a abertura de inquérito para apurar os fatos, que envolvem movimentações financeiras sem autorização do jogador ao longo dos últimos anos, mediante o uso de assinaturas falsas na conta destinada aos direitos de imagem.
A denúncia aponta que Thiago Donda, ex-braço-direito do jogador, teria tido acesso às finanças do atacante e efetuado transações sem seu consentimento, supostamente com a colaboração de funcionários do banco. A acusação lista diversas práticas fraudulentas, incluindo transferências, compensações de cheques, débitos indevidos, operações de empréstimos, venda de títulos de capitalização, transferências não autorizadas via PIX e TED, entre outras.
Apesar de Thiago Donda ser citado como possível responsável, a acusação sugere que ele não atuou isoladamente e contou com a conivência de funcionários do Bradesco e do 19º Cartório de Registro Civil de São Paulo, onde eram reconhecidas as assinaturas falsificadas. A polícia aguarda a entrega de documentos do banco para dar continuidade às investigações e convocar possíveis envolvidos para prestar esclarecimentos.
Os crimes em avaliação incluem estelionato, falsificação de documento público, falsidade ideológica e associação criminosa. Dudu descobriu em agosto de 2023, durante uma reunião com seu contador, que sua empresa, a “Dudu Sete Agenciamento de Imagens Esportivas”, não havia pago impostos desde 2018. Mesmo com acordos para quitar a dívida e execuções judiciais em andamento desde 2022, o jogador não tinha conhecimento da situação.
Os advogados de Dudu alegam que Thiago Donda pode ter utilizado os valores destinados ao pagamento de impostos para seu benefício. O contador afirmou que não informou o jogador devido a ordens de Donda e chegou a sugerir que ele procurasse um escritório de advocacia para regularizar a situação. Dudu encerrou o contrato com o contador ao descobrir o problema e buscou um advogado para obter os comprovantes de pagamento de impostos no banco.
Perícia constatou irregularidades em transações
Após uma perícia, foi constatado que mais de R$ 14 milhões foram transferidos para Thiago e sua empresa de maneira irregular. O laudo grafotécnico analisou documentos como procuração, transferências de veículos, cheques e documentos internos bancários, todos apresentando assinaturas falsificadas. O jogador afirma desconhecer todas essas transações.
Enquanto as transações ocorriam sem o conhecimento de Dudu, o banco debitava valores indevidos relacionados a produtos não contratados pelo jogador. Thiago Donda e Dudu cortaram relações após a descoberta do problema, e a equipe do jogador contratou uma empresa de auditoria para calcular o prejuízo, que, até o momento, atinge parcialmente os R$ 18 milhões.
Thiago Donda foi procurado, mas se recusou a comentar até levantar informações para prestar esclarecimentos às autoridades. O Bradesco afirmou estar atendendo às solicitações da polícia, tratando diretamente com o cliente e seu representante. O cartório não comentou procedimentos em curso, mas reiterou colaboração com as autoridades. A assessoria de imprensa de Dudu informou que o caso está sendo conduzido pela equipe jurídica do jogador, confiando no trabalho da Justiça.