Atletas do futebol feminino do Galo relatam estrutura precária
Jogadoras do time de futebol feminino do Atlético-MG expressaram insatisfação com as condições de treinamento e o fornecimento de material esportivo oferecidos pelo clube. De acordo com informações obtidas pelo ge, parte do elenco, que tem contratos vigentes até 31 de dezembro, apontou irregularidades no ambiente de treinamento e na utilização dos equipamentos esportivos.
O desempenho do Atlético-MG feminino ao longo do ano foi marcado por altos e baixos, incluindo eliminação na Supercopa pelo Corinthians, campanha abaixo do esperado no Brasileirão, e encerramento da temporada com o vice-campeonato mineiro, perdendo para o Cruzeiro. Recentemente, a técnica Vantressa Ferreira foi demitida pela diretoria alvinegra, sem anúncio imediato de um substituto. Fontes indicam que Robertinha, assistente técnica, pode assumir o comando da equipe.
As jogadoras, que pediram anonimato por receio de retaliação, expuseram as dificuldades enfrentadas no Atlético-MG. Uma das principais queixas refere-se ao local de treinamento principal. Atualmente, as atletas treinam na Arena Santa Cruz, campo público concedido pela Prefeitura de Belo Horizonte, distante do padrão profissional. Em ocasiões importantes, como a final do Campeonato Mineiro, utilizam a Cidade do Galo, principal centro de treinamento do clube masculino. A Arena Santa Cruz possui gramado sintético destinado a jogos de futebol amador na capital mineira, o que compromete a preparação das jogadoras.
“(O piso do campo) é duro, né? Você suja o seu uniforme, você rasga o seu uniforme, as chuteiras… (o campo) acaba com a sua chuteira. Você fica com o corpo todo dolorido. Eu fico uma semana com dor. Saio de lá toda dolorida”, relatou uma atleta que não quis se identificar.
“A gente sente, porque treina em society. Aí dá canelite. Você fica com dor nas costas, fica com perna pesada. Dá cãibra, entendeu? E outra, não é por falta de campo, porque campo é o que mais tem em BH.”, disse outra jogadora.
Jogadoras relatam falta de estrutura
Além das condições do campo, as atletas reclamam da infraestrutura no entorno, evitando o uso dos vestiários públicos. A Vila Olímpica, destinada à fisioterapia e academia, está a cerca de 10 km de distância da Arena Santa Cruz, tornando a rotina de treinamento fragmentada e afastando as jogadoras da instituição. O espaço, que também serve como clube recreativo do Atlético, é compartilhado com sócios e o público em geral, limitando o acesso exclusivo da equipe feminina.
Outro ponto destacado pelas jogadoras é a escassez de materiais esportivos. Durante 2023, receberam apenas dois kits de uniformes para três competições (Supercopa, Brasileirão e Mineiro), sem a possibilidade de trocas mesmo quando os materiais estavam desgastados. O ge entrou em contato com o Atlético-MG em busca de esclarecimentos sobre as condições de treinamento e o fornecimento de materiais para as jogadoras, mas até o momento desta publicação, não obteve retorno da assessoria do clube.
“Eles deram dois (kits) para o ano todo. Aqueles uniformes de pano mais grosso, sabe? Fora que algumas atletas ganharam uniforme já encardido e com cheiro impregnado”, citou uma das atletas.
O que diz a diretoria do Atlético?
Em contato anterior, ao abordar os planos para o elenco feminino após a implementação da SAF (Sociedade Anônima de Futebol), Rodrigo Caetano, diretor de futebol do clube, destacou que o projeto não é tratado como obrigação. Na segunda-feira passada, o presidente da associação do Atlético, Sérgio Coelho, afirmou em coletiva que o futebol feminino ainda não tem orçamento definido para a próxima temporada e que, a partir de 2024, terá gestão separada do masculino, sem inclusão nos R$ 400 milhões destinados pela SAF ao futebol do clube.