Dia da consciência negra: Atlético-MG tem história marcada por luta contra o racismo e conta com atletas engajados em seu elenco
A data de 20 de novembro no Brasil é um dia importante, afinal de contas, é o dia da consciência negra. É uma data criada para relembrar que embora boa parte da população brasileira seja negra e a escravidão tenha sido abolida a mais de 100 anos, nosso país ainda não está livre das mazelas do racismo.
O futebol é uma extensão da sociedade e não está alheio aos problemas do mundo, sendo assim, ao longo dos anos, os negros precisaram lutar e conquistar seu espaço no mundo da bola. Enquanto alguns times chegaram a ser coniventes com esses preconceitos, outros foram vanguarda na luta racial no esporte.
No Brasil e mais especificamente em Minas Gerais, o Atlético-MG foi um dos clubes mais engajados na luta contra o racismo. Fundado por estudantes da elite mineira, o Galo nunca foi um clube da aristocracia, pelo contrário, sempre foi um clube do povo, aberto a todas as classes e raças ao contrário de seus rivais locais.
O alvinegro foi o primeiro clube de Minas a aceitar negros em seu plantel e tem nos grandes ídolos da sua história pessoas pretas. Ubaldo Miranda, artilheiro do clube nas décadas de 50 e 60, chegou a ser rejeitado no Cruzeiro e sempre foi muito bem aceito no Atlético, sendo exaltado pela torcida atleticana, que cantava a plenos pulmões: “Tem nego Ubaldo aí” a cada um dos seus 135 gols com a camisa preto e branca.
Mais adiante na história atleticana, outro negro veio a marcar seu nome nos anais alvinegros. O atacante Dadá Maravilha, foi artilheiro do Brasileirão de 1971 e autor do gol do título do que por muito tempo foi o único Campeonato Brasileiro do Galo.
Reinado, maior artilheiro da história do Atlético, é outro que sempre lutou pela igualdade racial. Amigo de Frei Beto, um grande estudioso e opositor da ditadura militar, o Rei aprendeu com ele sobre as lutas da sociedade e passou a ser um porta voz da resistência. O atacante comemorava os seus gols com o punho cerrado, gesto cunhado pelos panteras negras, grupo que brigava pela igualdade racial nos Estados Unidos. O gesto era uma forma de chamar a atenção a luta racial e também um protesto silencioso contra o regime militar que assombrava o Brasil.
No atual elenco do Galo, dois jogadores são porta voz desta luta. O atacante Paulinho, natural do Rio de Janeiro e praticante da ubanda, também costuma comemorar os seus gols com o punho cerrado. Além dele, o meia Patrick é outro que nunca se calou perante a luta racial e ficou apelidado como “Pantera Negra” por comemorar os seus gols como o primeiro super herói negro do cinema.
“Eu amo o futebol e tudo o que ele me deu, principalmente a consciência sobre quatro coisas fundamentais que carrego dentro de mim: quem eu sou, de onde eu vim, quem veio antes de mim e qual o meu dever como homem negro num mundo racista”
Patrick, meia do Atlético-MG em carta escrita a The Players Tribune.